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  • Foto do escritorÁlvaro Dezidério

Previdência Privada e Seguros: Assimetrias de risco

Atualizado: 18 de jul. de 2021


O que sabemos com certeza é que não sabemos nada sobre o futuro, com certeza. Definimos uma direção, uma tendência e criamos expectativas. Mas saber exatamente o que vai acontecer, com certeza, ninguém sabe. Que eu saiba a Mãe Diná não deixou seu enterro preparado.


Se este conhecimento fosse possível de ser obtido sem a utilização de probabilidades, o mercado de seguros, e talvez o de casamentos, deixariam de existir. Afinal, qual a motivação em casar-se sabendo que vai separar? E quem vai me vender seguros para acidentes que são esperados com certeza?


Se as empresas que vendem seguros souberem com certeza quantas e quais pessoas terão seus carros roubados, não irão vender seguros para estas pessoas. A beleza dos mercados está na assimetria de informação e em todo nosso esforço para contorná-la, através de probabilidades e estudo.


Tentando reduzir a assimetria de informações fazemos exercícios com as informações que possuímos no presente, construindo estimativas para o futuro, tentando construir um conjunto de informações e conclusões sobre um futuro incerto. É desta forma que sobrevivemos.


Deixe-me aplicar o caso em uma situação específica: O Regime Geral de Previdência Social.


O Regime Geral de Previdência Social é um sistema que visa cuidar do futuro das pessoas. De forma simples, ele é desenhado com objetivo de oferecer uma rede de proteção social para seus participantes, rede esta que engloba dentre outras coisas, a aposentadoria.


Seu princípio básico é a transferência, ou financiamento, entre gerações. Jovens de hoje quando se tornarem adultos vão financiar a aposentadoria dos adultos de hoje quando estes se tornarem idosos. O princípio é este.


Para que este arranjo funcione é preciso uma certa estabilidade e regularidade na entrada de jovens no mercado de trabalho e na duração da vida dos idosos após o período laboral.


O problema é que nem uma coisa e nem outra está acontecendo. Há menos jovens entrando no mercado de trabalho, e os idosos estão vivendo mais do que o esperado falando em termos estatísticos.


Eu sei que esta expressão parece cruel mas ela é a realidade. Quanto mais a medicina e os hábitos saudáveis avançam, menos é possível manter o atual desenho pensado para o Regime Geral de Previdência Social no Brasil.


Não podemos ignorar, é claro, que tivemos má gestão e desvios de finalidade. Mas o fato é que eles geram problemas conjunturais e pontuais. A estrutura do sistema é que está com sérios problemas. Os pilares sob os quais o sistema de Previdência Geral no Brasil foram construídos não existem mais.


Resumindo o problema: i) não sabemos nada sobre o futuro e ii) a previdência geral é inviável no modelo atual, podemos concluir o seguinte: faça seguros e tenha uma previdência complementar.


Não sei, e você não sabe se vai precisar de uma, ou das duas. Mas o outro lado é: E se precisar e não tiver? Lembre-se que você não conhece o futuro.


Esta equação fica assimétrica no balanço de riscos pessoais. Pelo preço de um jantar fora semanal da para ficar protegido contra incertezas (seguro). E se fizermos algum esforço de poupança da para poupar de forma privada para evitar que sejamos vítimas do desequilíbrio previdenciário geral.


A assimetria de risco aqui está no fato de que guardo um pouco para me prevenir contra coisas que eu não sei se acontecerão. Mas se acontecerem e eu não estiver prevenido, as consequências podem ser drásticas e mudar toda a sua vida.


E pelo andar da carruagem logo a Previdência Geral não terá condições de honrar seus compromissos com as gerações que ainda não chegaram na melhor idade.


Mesmo com as diversas reformas realizadas desde 2001, todo mundo sabe que reformar uma casa cujos pilares já estão comprometidos só empurra o problema para frente. Os pilares precisam ser modificados.


1 abraço de quebrar costelas.

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